domingo, 26 de dezembro de 2010

Porto Rico

Desde Puerto Rico
Un llamado a la solidaridad internacional
 
La juventud puertorriqueña hace un llamado a la comunidad internacional a que continúe solidarizándose con las luchas por la educación pública que se han desatado tanto en nuestro país como a través de todo el globo.  La educación, al igual que la mayoría de los servicios públicos, se encuentra bajo el ataque de gobiernos que se deben primero a los bancos y a las grandes empresas antes que al pueblo.  En medio de su crisis económica, éstos buscan que sean las clases oprimidas las que sigan pagando por su avaricia, sacrificando el acceso de las personas de escasos recursos a una educación pública y de excelencia, así como el derecho de docentes, empleados y empleadas a condiciones laborales dignas.  Este saqueo, que busca achicar y privatizar nuestras universidades, debe ser denunciado contundentemente alrededor del mundo como uno que pone en grave peligro el progreso y la posibilidad de construir una sociedad cada vez más justa y equitativa.
 
Actualmente, la exigencia principal de la comunidad universitaria puertorriqueña a los administradores es que escuchen nuestras propuestas, las cuales, de ser implementadas, no sólo harían innecesario un aumento al costo de la matrícula, sino que restaurarían las finanzas de la Universidad de Puerto Rico y permitirían ofrecer los servicios de calidad que hemos estado exigiendo durante décadas.  Como respuesta y a falta de argumentos o de disposición al diálogo, el gobierno de Luis Fortuño ordenó la ocupación de los once recintos por cuerpos policiales militarizados y la represión de cualquier manifestación de protesta dentro o fuera del campus universitario a fuerza de amenazas, macanas y gases lacrimógenos.  El intento de acallar cualquier voz disidente ha escalado a un nivel tal que se han producido decenas de arrestos ilegales y selectivos, acompañados de palizas a los detenidos y fabricaciones de cargos.
 
El movimiento estudiantil en Puerto Rico ha respondido fielmente a la consigna "a mayor represión, mayor combatividad" y se ha mantenido ejerciendo su derecho a la libertad de expresión y de asociación en un claro reto a las restricciones impuestas por los gobernantes, administradores universitarios y la Policía de Puerto Rico.  Le hemos demostrado al país que nos asiste tanto la razón como el compromiso con su bienestar social.  Por tal razón, la lucha por la Universidad del Pueblo ha trascendido a la comunidad universitaria y su rescate se encuentra ahora en manos de un pueblo que no se resignará a verla secuestrada por la Policía o por los grandes intereses económicos.  Del mismo modo, se encuentra en manos de la comunidad internacional exigirle al gobierno de Puerto Rico y a sus fuerzas represivas que cesen la agresión a nuestros derechos civiles y humanos y así eviten que una tragedia mayor a la que vivimos manche las calles con la sangre de nuestra juventud en pie de lucha.
 
Desde esta isla del Caribe en Nuestra América, solicitamos solidaridad.
 
ESTUDIANTES UNIVERSITARIOS EN LUCHA POR LA EDUCACIÓN
SAN JUAN, PUERTO RICO, 23 DE DICIEMBRE DE 2010
 
Contactos: 
 
Nicole M. Díaz, estudiante de la Facultad de Derecho de la UPR y de la Red de Comunicadores Sociales Socialistas, correo-e nicole_m_diaz@yahoo.com
 
Milagros Rivera, ex alumna de la UPR y de la Red de Comunicadores Sociales Socialista,

XVIIº Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes - África do Sul - 2010

UJC participa do XVIIº Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes na África do Sul

            Aconteceu, entre os dias 13 e 21 de dezembro de 2010 o XVIIº Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes na cidade de Pretória – África do Sul. A União da Juventude Comunista esteve presente no Festival apresentando um manifesto intitulado “Pelo Socialismo e pela Paz Mundial!”. A delegação da UJC foi composta por quatro camaradas: Paulo Vinicius, Suzana, Thiago Jorge e Túlio Lopes.
            O Festival ocorreu nas dependências da Universidade de Tecnologia Tshwane. A cerimônia de abertura contou com a presença do presidente da África do Sul, Jacob Zuma membro do Congresso Nacional Africano. Atividades culturais, esportivas, marchas, passeatas, seminários, conferências, reuniões bilaterais e o tradicional Tribunal Antiimperialista marcaram o XVIIº Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes.
            Organização membro plena da Federação Mundial das Juventudes Democráticas desde 1945, a União da Juventude Comunista – UJC Brasil participou efetivamente das principais atividades do Festival e participou de reuniões bilaterais com várias juventudes comunistas presentes. A luta antiimperialista impulsionada por diversas organizações presentes ganha força com a exitosa realização deste XVIIº Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes.

Atividade preparatória da UJC - Seminário de Solidariedade Internacional
            A UJC realizou no dia 26 de novembro em Belo Horizonte (Minas Gerais) um Seminário de Solidariedade Internacional como atividade preparatória para o XVIIº Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes. O Seminário contou com a presença de representantes das principais entidades nacionais que possuem atuação na área da efetiva solidariedade internacional como o Comitê Democrático Palestino – Brasil, a Casa da América Latina e a Associação Cultural José Martí.
            Representantes da Juventude Comunista Avançando ligada a Corrente Comunista Luís Carlos Prestes e da Juventude do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra também estiveram presentes no Seminário de Solidariedade Internacional da UJC. Os camaradas Zé Ângelo e Túlio Lopes apresentaram um Painel sobre os 65 anos da FMJD e os Festivais. O Seminário de Solidariedade Internacional promovido pela UJC foi a única atividade nacional preparatória ao XVIIº Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes.

Delegação Brasileira
            A delegação brasileira ao XVII FMJE foi composta por artistas, desportistas e militantes de diversas correntes políticas. Do campo da Oposição Independente estiveram presentes além da UJC, a JCA, a JLIBRE, a juventude do MST e a juventude da APS. Das juventudes governistas estiveram presentes a UJS, JSPDT, JPPL, JPMDB, JSB e JPT.
            Duas visões distintas foram apresentadas pela delegação brasileira. Enquanto as juventudes ligadas ao governo federal buscavam promover e propagandear o Governo Lula, a UJC e outras organizações procuraram apresentar as lutas travadas em nosso país como às campanhas nacionais: O Petróleo tem que ser nosso!, Nenhum direito a menos! Avançar rumo a novas conquistas!, a luta por uma Universidade Popular e a luta contra a criminalização dos movimentos sociais.
           
FMJD – Federação Mundial das Juventudes Democráticas
A UJC participou da primeira reunião internacional preparatória realizada em Caracas no mês de abril e da última reunião internacional preparatória realizada no dia 12 de dezembro, um dia antes da abertura do Festival. Na reunião da FMJD durante o Festival foi aprovada a proposta de Declaração Final do XVIIº Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes.
            Do Brasil, somente a UJC (PCB), a UJS (PCdoB) e a JPPL (Ex-MR8) participam como membros plenos da Federação Mundial das Juventudes Democráticas. Outras organizações são consideradas como organizações amigas da FMJD em nosso país.

Juventudes Comunistas
            A UJC realizou reuniões bilaterais com juventudes comunistas de vários países. Participamos também de uma reunião das juventudes comunistas da América Latina convocada pelos camaradas da Juventude Comunista do Equador. 
            COMUNISMO É A JUVENTUDE DO MUNDO! Era o lema da bonita faixa da Juventude Comunista da Grécia, que simbolizou a forte presença das juventudes comunistas no XVIIº Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes principal encontro internacional da juventude que luta contra o imperialismo, pelo socialismo e pela paz mundial.

Denúncias alegam que Gaza é o maior cárcere do mundo

YAMILA BLANCO
1,5 milhões de palestinas e palestinos deslocados dependem da ajuda humanitária, que não chega à Faixa de Gaza devido ao bloqueio mantido por Israel há quatro anos.
Resumo Latino-americano/Correo del Orinoco.- No ano de 2008, Israel mostrou sua face mais fascista durante a operação Plomo Fundido [algo como Chumbo Grosso ou Chumbo Derretido], que começou em 27 de dezembro e deixou um saldo de mais de 1 400 mortos, 5 300 feridos e incalculáveis danos materiais durante os 22 dias de bombardeios por ar, terra e mar.
Um ano e meio antes dessa ação, o governo israelense decidiu bloquear a entrada de mercadorias, incluindo alimentos, medicamentos, matérias-primas e combustível, assim como o fornecimento de eletricidade e água, e o movimento de pessoas entre a Faixa de Gaza e o exterior.
A partir desse momento, Gaza se converteu na maior prisão do mundo, com uma população de 1,5 milhões de pessoas refugiadas após terem sido deslocadas de seu território, ocupado por Israel em 1948.
Assim, assinalou a membro do Bureau Político da Frente Popular para a Liberação da Palestina (FPLP), Leila Khaled, em entrevista ao Correo del Orinoco.
“Os habitantes da Faixa de Gaza estão sitiados. Há quase quatro anos estão bloqueados, convertendo Gaza no maior cárcere da história. Além de rechaçar todas as petições para que se suspenda o bloqueio, Israel segue atacando os habitantes da Faixa de Gaza, sob o pretexto da luta contra o terrorismo”, explica.
A fronteira de Gaza com o Egito também está bloqueada, já que o governo desse país acordou, em 2005, controlar o território fronteiriço de Rafah, que se encontra bloqueado desde 2006 e somente se abre para permitir a entrada de alguns medicamentos e escassos insumos.
A dirigente de FPLP disse que, atualmente, o desemprego em Gaza chega a 50%; 80% da população está abaixo da linha da pobreza, dependendo de uma importante medida de ajuda humanitária para a sobrevivência dos refugiados.
“Existem sérias dificuldades para conseguir remédios e quando Israel corta o abastecimento de energia, muitos enfermos padecem de sérias consequências, pois até os hospitais necessitam ficam sem eletricidade”, ressaltou Khaled.
No entanto, a entrada da ajuda humanitária também é impedida pelo governo israelense, que em junho passado, atacou a Flotilha da Liberdade, grupo de seis barcos que transportava mais de 750 pessoas com 10 toneladas de víveres para Gaza. A ação deixou um saldo de 14 mortos. A pesca e a agricultura estão proibidas, afirmou Khaled: “Israel também não permite pescar e quando algum habitante de Gaza se arrisca a fazê-lo, é assassinado pelas tropas que vigiam as costas. Os terrenos aptos para a agricultura foram todos destruídos”.
Para a integrante do Bureau Político do FPLP, o governo israelense, mediante essas medidas, tenta “quebrar a vontade de resistência do povo palestino para poder colonizar todo o território, porém nosso povo dificilmente se renderá”.
Território e autodeterminação
Khaled explicou que a luta do povo palestino é pelo retorno a seu território e pela sua autodeterminação. “O Estado de Israel foi criado mediante a Resolução 194 da Organização das Nações Unidas, em 1948. Esse estado foi criado sob o nosso território. No entanto, como condição para que Israel fosse aceito na ONU, eles teriam que permitir o retorno dos deslocados. Passaram-se 62 anos e permanecemos exigindo que se cumpra essa medida”, assinalou.
A dirigente palestina disse que nenhum poco pode determinar seu futuro fora de seu território: “A chave da resolução do conflito é, em primeira instância, que regressem os palestinos a sua pátria. Só assim poderemos aspirar a nossa autodeterminação e decidir qual será nosso futuro”.
A representante da FPLP recordou que o Estado de Israel se formou sob o lema “terra sem povo para um povo sem terra”, dando por certo que “esse território estava desabitado, quando na realidade o povo que ali vivia, o palestino, tinha sido deslocado pelo exército sionista”.
As seis milhões de pessoas que viviam nesse território, não só foram deslocadas até a Faixa de Gaza, como para países da região, como Egito e Síria. Além disso, ainda existe uma população palestina nos territórios ocupados por Israel “que resistem frente as tentativas do Estado sionista de expulsá-la”.
Para Khaled, essa nação foi criada contra a lógica histórica, já que “primeiro foi criado um Exército encarregado de conseguir as terras, onde se assentaram os judeus sionistas vindos de diferentes partes do mundo”.
“Israel foi formado sob uma concepção racista e colonista. Isso faz com que seja impossível a convivência com um estado que acredita que seus direitos estão acima do direito de qualquer outro povo”, assegurou.
Apoio à causa
O apoio à causa palestina cresceu de maneira visível nos últimos anos devido, segundo Khaled, ao melhor entendimento sobre a natureza do conflito palestino-israelense e, através da Operação Plomo Fundido. Se vislumbrou as verdadeiras intenções de Israel.
“Após esse ataque, muitos países como a Venezuela, Bolívia e Nicarágua romperam relação com o Estado israelense e, em várias partes do mundo, vem ocorrendo movimentos de boicote a Israel, o que mostra que existe um entendimento sobre quem são os agredidos”, argumentou.
Uma das regiões onde mais se vê rechaço às ações de Israel é na América Latina. De acordo com a dirigente palestina, isso se deve ao fato de ambos os povos “sofrerem igualmente com o colonialismo”.
“Somos vítimas do mesmo inimigo: o imperialismo. E o enfrentamos. Isso nos obriga a estarmos na mesma linha de luta e defendermos juntos uma nova ordem mundial: cada um em sua pátria, cada um em seu continente”, detalhou.

Tradução: Maria Fernanda M. Scelza

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Os habitantes do Haiti mantêm as mobilizações contra as forças de ocupação estrangeiras.

WRITTEN BY AVN

Resumo Latino-americano/AVN - Com novos protestos contra as tropas da Missão de Estabilização das Nações Unidas (Minustah), nesta sexta-feira os habitantes da nação caribenha, castigada por um surto de cólera, retomaram os protestos para que saiam do país soldados nepaleses apontados como sendo os portadores da epidemia que já custou a vida de 1.138 pessoas.
As manifestações acontecem na capital, Porto Príncipe, e em outras localidades.
Os habitantes, que acusam as tropas nepalesas de jogar resíduos fecais no rio Artibonite, levantaram barricadas nas ruas, e teme-se que a polícia nacional comece uma nova repressão como em dias passados.
Até agora o ato acionar policiais causou a morte de três pessoas e produziu dezenas de feridos.

Enquanto isso, na Organização das Nações Unidas (ONU) rejeitaram a idéia de que os soldados provenientes do Nepal tivessem introduzido a cólera no Haiti, como sugeriram fontes em Porto Príncipe.
As autoridades haitianas explicaram na segunda-feira passada que a cepa de cólera que se expandiu pelo território provinha do sul da Ásia, razão pela qual teria entrado pelo acampamento soldados nepaleses.
A Minustah informou que depois do começo da epidemia no centro do Haiti, foi feita uma análise na unidade nepalesa de Mirebalais, no departamento de Artibonite, descartando que houvesse cepas de cólera no lugar.
No transcurso dos dias, em frente a esta base militar se realizaram várias manifestações contra os soldados.
Enquanto as pessoas se encontram nas ruas protestando - e a situação é crítica devido às mortes por cólera e às conseqüências do terremoto que no começo do ano deixou sem lar quatro milhões de habitantes - no Haiti continua a campanha proselitista com vistas às eleições presidenciais do dia 28 de novembro.
A multiestatal Telesur indicou que os manifestantes desejam participar das eleições, mas não da forma como estão sendo conduzidas, já que o atual governante René Preval está relacionado com 14 dos 19 candidatos.
Também foi dito que a polícia haitiana evita a presença de meios de comunicação credenciados nas zonas onde as pessoas protestam, com a desculpa de que não estão autorizados.

Nas manifestações a exigência reiterada é que a Minustah abandone o país, não só pelo atual surto de cólera, mas pela sua ação repressiva.
Com uma economia devastada, mais de 70% da população na pobreza e uma instabilidade política muito marcada desde a derrocada por seqüestro do presidente legítimo Jean-Bertrand Aristide, em fevereiro de 2004, por parte de tropas dos EUA, o Haiti sofreu um forte terremoto no início do ano, houve a passagem do furacão Tomás e agora uma epidemia de cólera que avança desde o norte do país e já cruzou a fronteira com a República Dominicana.
Durante esta jornada, o Centro para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, explicou que esta epidemia que afeta a nação caribenha é parte de uma pandemia mundial que começou há 49 anos.
O relatório apresentado foi feito juntamente com a Organização Pan-americana da Saúde (OPS), e revelou que provas genéticas realizadas no patógeno determinaram que a cepa é idêntica à achada anteriormente em países do sul da Ásia e outras zonas.

“Se as amostras estudadas são representativas das circulantes no Haiti, então é provável que a bactéria Vibrio cholerae poderia ter chegado nessa nação através de um único caso”, acrescentou o documento.
Mesmo no Haiti não havendo casos de cólera há 100 anos, as condições para sua propagação estão criadas por causa da aglomeração, da pouca higiene pessoal e ambiental, da falta de sistemas de rede de esgoto adequado e da carência de água potável.

Por sua vez, a organização Médicos sem Fronteiras (MSF) explicou aos habitantes haitianos “o baixo risco e os grandes benefícios” de instalar centros de tratamento de cólera nos bairros, espaços que muitos cidadãos rejeitam por temer o contágio.

Eles consideraram necessário “tranqüilizar uma população assustada com uma doença completamente desconhecida no país”.
O MSF também assinalou que a falta de uma resposta concreta no desdobramento de medidas para conter a epidemia “está debilitando os esforços para frear” a doença.

Por esta razão, foi solicitado a todas as agências presentes no Haiti “que aumentem as dimensões e a rapidez de seus esforços para assegurar uma resposta de acordo com as necessidades das pessoas em risco de contrair cólera”.

Traduzido por: Valeria Lima.

domingo, 5 de dezembro de 2010

CUBA E OS NOVOS RUMOS DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA

(Nota Política do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro - PCB)

O conjunto de medidas anunciadas pelo governo socialista de Cuba provocou inúmeras reações mundo afora. Como era esperado, a grande mídia burguesa alardeia o fim do socialismo na Ilha, enquanto, no seio da esquerda, os debates estão abertos. Há quem veja no episódio o caminho chinês de abertura para o capital e de retomada da propriedade privada, mas há os que confiam na defesa feita pelo governo cubano de que as mudanças são necessárias e impostergáveis, visando tornar mais eficiente e produtiva a economia e fazer avançar o processo socialista, consolidando as conquistas alcançadas após 51 anos de revolução.
Dentre as medidas anunciadas, a que provocou maior repercussão foi o anúncio da redução de cerca de meio milhão de trabalhadores do setor estatal e a sua transferência para outras formas de produção, como as cooperativas e o trabalho autônomo. Conforme as explicações do governo de Cuba, corroboradas pela Central dos Trabalhadores de Cuba (CTC), o Estado não tem como continuar mantendo empresas e entidades ligadas à produção e a serviços com um grande contingente de trabalhadores que se dedicam a atividades improdutivas. Esta realidade, que é consequência da garantia constitucional do pleno emprego em Cuba, grande conquista do processo revolucionário, assim como o acesso de todos os cidadãos às oportunidades econômicas e aos direitos sociais universais, esbarra hoje no fato cruel de que a crise mundial do capitalismo traz também efeitos corrosivos à economia cubana. A isto se associa a manutenção do criminoso bloqueio imposto pelos EUA, que, além de econômico, é político, diplomático e cultural.
Esta é a primeira vez na história que Cuba enfrenta sozinha os reflexos de uma grande crise econômica mundial. Até o início da década de 1990, a Ilha Socialista ainda podia contar com a ajuda solidária e generosa da União Soviética, que comprava grande parte da produção de açúcar e permitia que Cuba se abastecesse dos bens materiais necessários à manutenção de sua população, a preços solidários, como o petróleo e até mesmo alimentos, adquiridos por meio de uma extensa pauta de importações. Esta política trouxe, entretanto, consequências danosas à economia cubana, que hoje, mais do que nunca, necessita acelerar o processo de substituição das importações, pois praticamente todos os alimentos são importados. A dependência em relação à indústria açucareira fez com que, nos anos 60 e 70, grandes extensões do campo fossem ocupadas para a produção de açúcar, reduzindo enormemente o espaço da pecuária e dos produtos alimentícios.
Na década de 1990, após a queda da URSS, de uma hora para outra, Cuba ficou sem parceiros comerciais e sem referências políticas e ideológicas internacionais. A débâcle da URSS, no final de 1991, exigiu de Cuba a criação do “período especial”, uma vez que 80% do seu comércio dava-se com o Leste Europeu: URSS, Alemanha Oriental e Tchecoslováquia. A Rússia de Ieltsin cortou os acordos comerciais, começando pelo fornecimento de petróleo, o que praticamente paralisou o processo econômico de Cuba, infringindo à sua população apagões de 14 horas, paralisação da indústria, carência de produtos em todos os setores, levando, inclusive, a esquerda mundial a pôr em dúvida a capacidade de resistência e de mobilização dos cubanos para preservar o socialismo na Ilha.
Mas a política de ajustes internos, promovida com sacrifícios extremos da população e garantida por meio do consenso político entre povo e governo (expresso na consulta popular realizada pela Assembleia Nacional do Poder Popular em 1993), conseguiu dar sequência ao projeto de construção do socialismo, mantidas as conquistas sociais da revolução.
A entrada no século XXI representou um período de descentralização das decisões e de reformas econômicas. A partir de 2004, houve grandes investimentos no sistema produtivo nacional e no sistema de distribuição de alimentos. De grande produtor de açúcar e altamente dependente em relação ao petróleo, o país passou a investir e obter dividendos do turismo, da biotecnologia e dos serviços médicos, além do níquel, tabaco e rum, dentre outros. Conforme estatísticas da Associação Nacional de Economistas de Cuba, em 2008 o níquel respondia por 39% das exportações de bens; medicamentos genéricos e biotecnologia, por 9%; açúcar e derivados, 6%; tabaco, 6%. O país possui a 3ª reserva mundial de níquel e responde por 10% da produção internacional de cobalto. No setor de serviços, além do turismo, a avançada medicina cubana garante grande parte do aporte de recursos: só o convênio com a Venezuela, promovendo a troca de petróleo por serviços médicos, é responsável pela injeção de 10 bilhões de dólares na economia cubana. Dos 70 mil médicos formados em Cuba, 36 mil hoje atuam fora do país.
Mas as relações comerciais estreitadas nos últimos anos com a Venezuela, Brasil, China, Coréia do Norte, Canadá e alguns países europeus, não são suficientes para superar os desequilíbrios causados na balança comercial. A mais recente crise mundial fez crescer em muito o custo com as importações. No ano de 2008, as importações cubanas cresceram 43%. A indústria açucareira já vinha verificando uma queda na sua produção (-9,2%) de 2003 a 2009, e Cuba chegou a ter de importar açúcar no ano passado.
Para agravar ainda mais os problemas econômicos da Ilha, no ano de 2008, três furacões varreram Cuba. As chuvas torrenciais e os ventos com velocidade ainda não conhecidos destruíram 80% da safra de vários produtos alimentícios em várias províncias; derrubaram toda a fiação elétrica em quase todo o país; destelharam e derrubaram totalmente 470 mil edifícios, inclusive escolas e hospitais; alagaram e/ou destruíram maquinários de fábricas; devastaram 80 % das plantações de folha de fumo, produtoras dos famosos charutos cubanos. Foi também totalmente destruída a Faculdade de Medicina, recém-construída na Ilha da Juventude como uma extensão da ELAM, que havia acabado de receber 400 estudantes (sendo 300 brasileiros e outros 100 do Equador e da Argentina, que foram estudar em Cuba de forma totalmente gratuita). A destruição do prédio com todos os seus equipamentos e laboratórios de ponta forçou o deslocamento dos estudantes para outras faculdades de medicina do país.
Os graves problemas enfrentados impõem a necessidade de um rigoroso planejamento econômico e de um incentivo permanente à produção, tanto para o mercado interno (visando substituir importados, principalmente alimentos, como o arroz), quanto para a exportação (buscando ampliar a aquisição de divisas). Para tal, é preciso aumentar a produtividade do trabalho. Há um grande esforço do Estado em garantir melhores condições ao camponês para produzir, com estímulos, como a distribuição de terras, a formação de cooperativas e a possibilidade de comercialização do excedente. Alguns bons resultados já foram obtidos na produção de leite, carne e arroz, segundo informações da Associação de Economistas. O gargalo existente na produção agrícola exprime uma das grandes contradições do processo de construção do socialismo em Cuba: justamente porque os cubanos têm oportunidades iguais, há terras ociosas no país, pois muitos preferem dirigir-se às cidades para obter um título universitário. 50% das terras cultiváveis não são exploradas, o que obriga o Estado cubano a investir 1,5 bilhões de dólares anuais na alimentação de seu povo, gastos principalmente com a importação de alimentos.
Há também esforços na direção do desenvolvimento da indústria cubana, através de projetos associados à ALBA, da refinaria de petróleo em Cienfuegos (convênio com a PDVSA), na área da petroquímica, química fina e derivados de petróleo, na produção de ferro e níquel (exportação do resíduo de níquel, ferro e outros). Visando superar a enorme dependência frente ao petróleo, busca-se avançar na produção alternativa de energia: hidrelétrica, energia eólica, solar e, principalmente, aquela obtida a partir dos resíduos de açúcar e do bagaço da cana (biocombustível), para abastecer as localidades onde estão instaladas as usinas.
Há em andamento o projeto da Zona de Desenvolvimento do Leste, com a construção de um grande terminal de contêineres e de uma ferrovia para o transporte de produtos atravessando o território cubano, o que representará uma economia de 48 horas em relação ao transporte marítimo de cargas realizado hoje pelo Canal do Panamá. Tais projetos contam com a parceria de governos e empresas estrangeiras, e é difícil, no momento, depreender o grau de comprometimento com o capital externo, e o que isso pode representar de risco ao processo de construção do socialismo.
As medidas anunciadas objetivando a transferência de trabalhadores dos setores estatais para atividades não estatais fazem parte da estratégia de reduzir o trabalho não produtivo, ligado a funções que nada acrescentam de verdadeiramente útil à economia nacional e ao atendimento às necessidades básicas da população. Não se trata, portanto, de trabalho improdutivo no sentido do capital, mas improdutivo mesmo para a sociedade socialista. Calcula-se que três trabalhadores fazem o trabalho de um na esfera da burocracia estatal. Contrariamente ao que fazem as economias capitalistas nos momentos de crise, quando simplesmente jogam na rua e deixam sem emprego milhões de trabalhadores, os quais depois passam a ser subaproveitados em outras ocupações, o governo cubano busca promover uma reorientação laboral dos trabalhadores que hoje ocupam funções improdutivas no Estado.
Novas formas de relação de trabalho não estatal são projetadas, dentre as quais as cooperativas e o trabalho por conta própria. Este poderá ser realizado por meio de 178 atividades, das quais em 83 será permitida a contratação de força de trabalho sem a necessidade de que sejam familiares do titular da atividade.
Segundo o camarada Raúl Castro, a realocação dos trabalhadores não afetará os serviços estratégicos que representam as grandes conquistas sociais da revolução. Foram estabelecidos critérios muito claros para as realocações, as quais acontecerão apenas nos setores onde a máquina estatal está inchada, inoperante e ineficiente. O critério principal para manutenção dos trabalhadores nas funções públicas e entidades mantidas pelo Estado será o princípio de “idoneidade demonstrada”, evitando qualquer manifestação de favoritismo pessoal, de discriminação de gênero ou de qualquer tipo. O governo garante que ninguém ficará abandonado à sua própria sorte, e aqueles que se sentirem ameaçados e prejudicados pela aplicação das medidas contarão com o apoio do Estado, da CTC e dos sindicatos, avaliando a situação e propondo soluções, de acordo com as possibilidades existentes.
O que se vislumbra é, em primeiro lugar, a necessidade premente de direcionar os investimentos estatais para áreas mais produtivas e para que estas se tornem cada vez mais produtivas. Simultaneamente, pretende-se acabar com fatores como a dupla circulação monetária, a economia informal, a burocracia, o paternalismo do Estado e a corrupção.
A maior parte das medidas já havia sido apontada no V Congresso do Partido Comunista de Cuba, realizado em 1997, tais como o reordenamento da economia de modo a aumentar a produção e a produtividade e, assim, inverter a tendência negativa da balança comercial; a liberação de recursos para aumentar o nível de vida dos cubanos, aplicando o princípio socialista de “a cada um segundo o seu trabalho”; a realocação da força de trabalho disponível, combatendo o superdimensionamento de certos setores e canalizando o trabalho para áreas produtivas fundamentais, como a agricultura, a construção, a indústria, mas também preenchendo necessidades na área das conquistas essenciais da revolução, como a Saúde e a Educação. A palavra de ordem é simplificar, eliminar gastos desnecessários e tornar mais eficientes todas as estruturas econômicas, políticas e administrativas.
No entanto, não há como negar que as mudanças provocam apreensão entre os comunistas de todo o mundo, que temem o arriscado caminho do estímulo à iniciativa privada, como indicado no plano, ao prever, por exemplo, que 83 atividades possam contratar força de trabalho. O perigo ainda maior seria o de se deixar a porta aberta para a inclusão de incentivos ao investimento estrangeiro e privado voltado para o comércio exterior. Esperamos honestamente que não venha a ser o setor privado o grande empregador desta força de trabalho disponível, o que, além de corroborar com a falácia burguesa de que a iniciativa privada é mais eficiente que o setor público, indicaria um caminho ameaçador para o avanço das relações socialistas na Ilha.
De olho nesta possibilidade, o governo brasileiro já anunciou sua disposição em “ajudar” Cuba no processo de reformas, com o estímulo à formação de pequenos e médios negócios. Segundo o chanceler Celso Amorim, o Brasil tem uma vasta experiência na promoção do “empreendedorismo”, e Cuba precisará desse conhecimento para que os 500 mil funcionários públicos dispensados não caiam na economia informal. Daí que o governo brasileiro esteja enviando uma delegação do SEBRAE a Cuba, para promover cursos de capacitação em “empreendedorismo”. Esta “ajuda humanitária” anunciada pelo Itamaraty insere-se na estratégia de expansão da burguesia monopolista brasileira no mundo e em especial na América Latina, onde as missões diplomáticas vão sempre acompanhadas de grandes empresários e capitais para investimentos. Em Cuba mesmo já operam grandes empresas brasileiras.
Claro está que o processo de construção do socialismo em Cuba é extremamente complexo e vive hoje um momento de grandes dificuldades. O maior desafio do povo cubano é justamente manter firme a decisão de seguir construindo sua experiência de socialismo, em meio a um mundo em que as relações capitalistas cada vez mais se expandem. Todos sabemos que a revolução socialista é necessariamente internacional, mas os cubanos, em que pese todo o seu compromisso internacionalista, comprovado historicamente, não têm como universalizar sua experiência de revolução, no máximo podem continuar solidários a toda forma de luta anticapitalista e dar o exemplo de que o socialismo não é simples quimera. O desafio torna-se angustiante quando é notório que as novas gerações em Cuba não conheceram o capitalismo e parcelas da juventude não têm o mesmo compromisso com a revolução do que os mais velhos, que a viveram diretamente. E se são problemáticas as condições materiais para a ampliação das conquistas sociais forjadas pela revolução, a situação fica ainda mais complexa.
As análises acostumadas a idealizar situações – tais como aquelas que acusam Cuba de falta de democracia, desconhecendo ou fingindo desconhecer o sistema político calcado no poder popular –, não levam em conta as exigências da realidade em sua totalidade e movimento. Não há como dissociar a superestrutura política, ideológica e jurídica de sua base econômica. Sendo a sociedade socialista uma sociedade de transição, onde as questões do antagonismo de classes e contradições não são plenamente resolvidas, é inquestionável o papel do Estado para a solidificação do processo socialista. O poder político da classe trabalhadora é construído sobre uma base objetiva e em conformidade com as necessidades e possibilidades históricas e conjunturais.
Tudo indica, portanto, que as medidas adotadas refletem as necessidades geradas e pelas determinações do processo histórico atual. Rejeitamos as análises que já dão como certo e inevitável em Cuba o retrocesso para o capitalismo, como querem fazer ver os agourentos representantes da burguesia e do imperialismo, que por inúmeras vezes já anunciaram a morte do socialismo cubano.
De nossa parte, seguiremos solidários ao Partido Comunista Cubano e ao caminho revolucionário que os cubanos escolheram e desenvolveram a partir de 1959. O povo cubano é quem melhor saberá dizer como enfrentar seus problemas e continuará encontrando, com a coragem, a obstinação e a criatividade que lhe são peculiares, as saídas para a manutenção e o aprofundamento das conquistas obtidas no processo de construção da sociedade socialista.
VIVA CUBA! VIVA A REVOLUÇÃO SOCIALISTA!
Comitê Central do PCB
(30 de novembro de 2010)

sábado, 27 de novembro de 2010

SEMINÁRIO DE SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL

Nesta sexta-feira, 26 de novembro de 2010, a União da Juventude Comunista realizou em Belo Horizonte o Seminário de Solidariedade Internacional. A atividade aconteceu nos marcos dos eventos preparatórios para o XVIIº Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes que ocorrerá no mês de dezembro na África do Sul.
O Seminário de Solidariedade Internacional teve três atividades sendo duas mesas redondas e um painel temático. O objetivo principal do Seminário foi proporcionar ao público de estudantes, jovens trabalhadores, militantes sociais, pesquisadores e interessados em geral, um espaço de reflexão, informação e orientação prática para à participação em ações coordenadas no terreno da Solidariedade Internacional promovidas por entidades brasileiras.
Com o lema do XVIIº Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes – África do Sul: “Por um mundo de paz, solidariedade e transformações sociais. Derrotemos o imperialismo!” foi composta a mesa número um do Seminário de Solidariedade Internacional.
Na próxima semana uma série de atividades marcará o Dia Internacional de Solidariedade à Palestina no Brasil (29 de novembro). Em Belo Horizonte , Jadallah Safa membro do CAPAI (Comitê Árabe Palestino de Apoio à Intifada) e coordenador do Comitê Democrático Palestino – Brasil esteve presente na primeira mesa do seminário apresentando uma análise marxista da atualidade da questão palestina.
A professora Dirlene Marques, coordenadora do Comitê Mineiro do Fórum Social Mundial também apresentou suas reflexões sobre a construção da Frente Anticapitalista e Antiimperialista.O Comitê Mineiro do Fórum Social Mundial completou neste ano 10 anos de atividades e planeja organizar entre os dias 21 e 24 de abril de 2011 o V Fórum Social Mineiro com a temática da “Unidade dos Movimentos Sociais”.
A jornalista Mirian Gontijo - Presidente da Associação Cultural José Martí – Minas Gerais apresentou seu artigo sobre o papel do jornalismo na integração latino americana. A entidade é promotora das tradicionais Brigadas de Solidariedade e das Convenções Nacionais de Solidariedade a Cuba.
Na coordenação da mesa, Valmiria Guida – secretária geral da Casa da América Latina, entidade sediada no Rio de Janeiro, apresentou as atividades desenvolvidas pela CAL, com a parceria de entidades sindicais e associações, em solidariedade ativa aos povos latinos americanos e informações sobre como participar da referida entidade.
  “O papel da juventude na luta antiimperialista” foi o tema central discutido na segunda mesa do evento. Kélem Rosso da Juventude Comunista Avançando – JCA ligada a Corrente Comunista Luís Carlos Prestes apresentou a plataforma de luta de sua organização, Wellington representando a Juventude do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – Via Campesina – Brasil apontou as principais tarefas desenvolvidas pelo movimento em nível nacional e internacional, o núcleo de BH da Marcha Mundial das Mulheres foi representado pela estudante Zi Vieira. A coordenação ficou a cargo da camarada Suzana da União da Juventude Comunista ligada ao Partido Comunista Brasileiro. Estudantes angolanos ligados ao Movimento Popular de Libertação da Angola também prestigiaram o evento e teceram considerações acerca da atual situação Angolana.
O Painel sobre o “XVIIº Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes e os 65 anos da Federação Mundial das Juventudes Democráticas - FMJD” contou com a presença do professor José Angelo, ex-membro da União da Juventude Comunista, tendo o mesmo participado nos anos oitenta do Festival realizado na República Popular Democrática da Coréia. No painel o camarada Túlio Lopes repassou as informações sobre a mobilização e preparação para o XVIIº Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes – África do Sul – Dezembro de 2010. A atividade foi gravada e será editada em DVD para os militantes e interessados que não puderam comparecer ao local do evento.
 
“Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros.”
 
Ernesto Che Guevara

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Haiti: cólera, furacão e lucro



Thalles Gomes
"Precisamos absolutamente deste dinheiro o mais rápido possível para evitar que sejamos superados por esta epidemia. Todos os esforços de combate à doença podem se tornar inúteis a menos que a verba seja angariada”. Este apelo categórico foi pronunciado na última sexta-feira, 12 de novembro, por Elisabeth Byrs, porta-voz do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da Organização das Nações Unidas [ONU]. A quantia a que se refere Byrs é o montante de R$ 163,9 milhões de dólares que, segundo a ONU, seria necessária para controlar a epidemia de cólera que se propaga no Haiti desde meados de outubro e que matou até o momento mais de mil pessoas, além de infectar outras 14 mil.
As palavras de Byrs se somam à recente declaração do Departamento de Saúde da Flórida, estado estadunidense que possui mais de 240 mil migrantes de origem haitiana. A preocupação das autoridades sanitárias é com a possibilidade da epidemia se alastrar para outros países vizinhos, inclusive os EUA. Segundo a página oficial na internet do Departamento “a cólera não se espalha tão facilmente em países desenvolvidos como os EUA, mas queremos assegurar que não deixaremos situações de alto risco passarem despercebidas, como o cólera em alguém que manipule alimentos, ou focos isolados".
Controlar a epidemia e evitar a propagação da doença para fora das fronteiras haitianas é a preocupação atual da ONU e das ONGs estrangeiras presentes na ilha. De fato, essa parece ser a tônica da atuação da comunidade internacional no país: combater as conseqüências das tragédias e fechar os olhos para suas causas.
Cólera
Cólera é uma infecção intestinal aguda causada por uma bactéria chamada Vibrio Cholerae que se transmite pela ingestão de água ou alimentos contaminados principalmente por fezes de pessoas infectadas. Apesar de alcançar proporções epidêmicas em regiões empobrecidas da África e Ásia, até o início de outubro passado nenhum caso de cólera havia sido registrado em território haitiano, segundo informações de Claire-Lise Chaignat, chefe do grupo de controle global da cólera da Organização Mundial de Saúde.
Não há ainda um consenso a respeito da origem da epidemia, que se tornou evidente a partir do dia 20 de outubro quando dezenas de pacientes começaram a morrer com febre alta e diarréia num hospital da cidade de Saint Marc, departamento de Lartibonite. A principal suspeita dos especialistas é de que a enfermidade tenha vindo do estrangeiro e se difundido pelo país através da contaminação do Rio Lartibonite.
A MINUSTAH [Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti] destacou em comunicado oficial “a dificuldade, inclusive a impossibilidade” de saber como a cólera chegou ao país, visto que foi comprovado que o microorganismo que causou a epidemia é igual ao encontrado na Ásia meridional. No entanto, entre a população haitiana as suspeitas recaem justamente sobre os soldados da própria MINUSTAH, especificamente um batalhão oriundo do Nepal, país asiático onde a cólera é endêmica. Localizado no município de Mirebalais, a poucos quilômetros de Saint Marc e às margens do Rio Lartibonite, o atual contingente de soldados nepaleses chegou ao Haiti nos primeiros dias de outubro, depois de um novo surto de cólera ter atingido seu país de origem.
Edmonde Suplice Beauzile, senadora do departamento haitiano de Plateau Central, solicitou uma investigação sobre a responsabilidade da MINUSTAH na propagação da epidemia. Para Beauzile, os soldados nepaleses “contaminaram o rio, causando a morte de muitas pessoas. Pedimos à MINUSTAH que solicite a um organismo independente a abertura de uma investigação".
Confirmada essa hipótese, a MINUSTAH verá sua função de estabilização do Haiti novamente comprometida, justamente quando seu mandato foi renovado por mais um ano durante a última reunião do Conselho de Segurança da ONU ocorrida em 15 de outubro. Ocupando o território haitiano desde 2004, quando foi criada sob o pretexto de que o Haiti representava “uma ameaça à paz e segurança da região”, sendo necessário portanto o envio de uma força militar de ocupação para conter as mobilizações populares depois da derrubada violenta do então presidente Jean Bertrand Aristide, a MINUSTAH passa hoje por uma de suas maiores crises de legitimidade. Durante os últimos seis anos, foram recorrentes as denúncias de tortura, estupro e assassinato. Além disso, passados dez meses desde o terremoto que abalou o país em 12 de Janeiro de 2010, as tropas da ONU ainda não foram capazes de dar uma resposta eficaz às vitimas do terremoto. Ruínas e acampamentos improvisados tomam as ruas da capital Porto Príncipe, mas não se vê nenhuma movimentação por parte das tropas militares para a retirada dos escombros e início da reconstrução de prédios e edifícios. E por fim, a cólera.
Furacão
Com a aceleração da epidemia nos últimos dias, a previsão é de que “um total de até 200 mil pessoas deverão ter os sintomas da cólera, indo dos casos de leve diarréia até a desidratação mais grave", informou a porta-voz da ONU, Elizabeth Byrs, que completa: “Espera-se que os casos surjam numa explosão de epidemias que ocorrerão subitamente em diferentes partes do país”.
Na cidade de Gonaives foram registradas ao menos 60 mortes por cólera e na capital Porto Príncipe, onde mais de um milhão de desabrigados do terremoto vive em acampamentos sem as condições mínimas de saneamento, 27 óbitos foram causados pela epidemia. "Porto Príncipe é uma imensa favela onde as condições são muito ruins em relação às instalações sanitárias e de água. São as condições perfeitas para uma propagação rápida da cólera", afirmou Jon K. Andrus, subdiretor da Organização Pan-Americana de Saúde (OPS).
Para agravar ainda mais a situação, no dia 05 de novembro o Furacão Tomas alcançou o território haitiano, afetando principalmente as regiões noroeste e sul do país, deixando ao menos 21 mortos e cerca de 6.000 famílias desabrigadas.
As chuvas e inundações causaram deslizamento de terra, bloqueando diversas estradas e inundando o rio Lartibonite, suspeito de ser o principal foco da epidemia de cólera. Os relatos são de que os estragos nas áreas agrícolas foram enormes gerando perdas que podem chegar a 70% dos cultivos como banana, milho e feijão que formam a base da alimentação local. De acordo com o historiador José Luis Patrola, que coordena a Brigada Dessalines de cooperação entre a Via Campesina Brasil e as organizações camponesas do Haiti, “os problemas causados pelo furacão terão maior efeito nos próximos dois meses onde a falta de comida atingirá outra vez os camponeses pobres dessas duas regiões consideradas as mais isoladas e abandonadas do país”.
Este não é o primeiro furacão a assolar o território haitiano. Entre os meses de setembro e outubro de 2008, a passagem do furacão Gustav e da tempestade tropical Hanna deixou mais de 500 mortos e milhares de desabrigados. Patrola ressalta que “cada ciclone ou furacão que costuma atingir a região do Caribe nessa temporada tem maior impacto sobre o Haiti que vive um grave problema de desmatamento acompanhado de técnicas agrícolas predatórias ao meio ambiente que levarão a um caos generalizado caso o problema não se resolva de maneira sólida e estrutural”. O desmatamento no Haiti já destruiu mais de 95% das matas originais e a principal fonte de energia do país – utilizada por mais de dois terços da população – ainda é o carvão vegetal.
Lucro
“Foi preciso mais uma catástrofe para evidenciar o problema e fazer com que o Estado e a ‘comunidade internacional’ abrissem os olhos para tamanha vulnerabilidade da população pobre. Esta epidemia deveria envergonhar aqueles que ‘ajudam’ o Haiti há muitos anos e mesmo assim mais de 90% dos camponeses consomem água suja”, denuncia José Luis Patrola.
De fato, a atual epidemia de cólera, os estragos do furacão Tomas e as milhares de mortes causadas pelo terremoto de 12 de Janeiro são conseqüências dos graves problemas estruturais que levam a maioria da população haitiana a uma vulnerabilidade permanente. O Haiti é hoje a nação mais pobre do continente americano, com 56% da população abaixo da linha da pobreza e com uma expectativa de vida de 58,1 anos. No Haiti, a miséria já existia antes de qualquer terremoto, furacão ou cólera.
Ao não lidar com os problemas estruturais, atuando para amenizar as conseqüências das tragédias ao invés de buscar combater suas causas, o Estado haitiano e a comunidade internacional transformam as catástrofes naturais e a miséria no Haiti numa fonte inesgotável de lucros. Aos 163,9 milhões de dólares demandados pela ONU para combater a atual epidemia de cólera, podemos somar os 126 milhões que a ONG estadunidense USAID está investindo no campo haitiano, os 9,9 bilhões de dólares para a reconstrução do país pós-terremoto prometidos por Bill Clinton e seus doadores, os 3,6 bilhões consumidos para manter as tropas da MINUSTAH no país e os 7,5 milhões de dólares gastos mensalmente somente com o aluguel dos banheiros químicos para os desabrigados em Porto Príncipe.
É essa atitude que explica a situação paradoxal de ser o Haiti o país mais pobre das Américas mesmo sendo o maior destinatário da ajuda internacional no mundo. 60% do PIB haitiano é oriundo de verbas estrangeiras que, assim como os furacões e ciclones, apenas passam pelo território haitiano, mantendo a infra-estrutura e os altos salários dos funcionários da ONU e das milhares de ONGs, sem chegar às mãos da população e sem alterar as condições sócio-econômicas do país.
“O Estado haitiano e a comunidade internacional deverão pensar o Haiti sob outra ótica que não a das permanentes tragédias que aqui ocorrem”, aponta José Luis Patrola, para concluir que: “Ou pensamos a ajuda ao Haiti desde um ponto de vista de resolver problemas estruturais ou viveremos grandes espetáculos midiáticos acompanhados de grande propaganda sobre doações para ajudas emergenciais. Dois ou três anos em seguida as catástrofes retornarão e veremos o mesmo espetáculo da tragédia se repetindo”.
Talles Gomes, jornalista, membro da brigada da via campesina Brasil, que está no Haiti.
[publicado no jornal Brasil de Fato, edição 403, de 18 a 24 de Novembro de 2010]

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Programação do Seminário


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SEMINÁRIO DE SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL

SEXTA–FEIRA - 26 DE NOVEMBRO DE 2010

LOCAL:

Instituto de Ciências Exatas (perto da Praça dos Serviços) – UFMG – Campus Pampulha.

INSCRIÇÕES:

As inscrições podem ser feitas por e-mail: semsolidariedadeinternacional@gmail.com ou no dia e local do Seminário de Solidariedade Internacional.

PROGRAMAÇÃO:

09 horas – APRESENTAÇÃO.

09 horas e 30 minutos –
MESA 1 – Por um Mundo de Paz, Solidariedade e Transformações Sociais, derrotemos o imperialismo!

Professora Dr. Dirlene Marques - Comitê Mineiro do Fórum Social Mundial.

Jornalista Mirian Gontijo - Associação Cultural José Martí de Minas Gerais.

Jadallah Safa - Comitê Democrático Palestino - Brasil.

Coordenação - Valmiria Guida - Casa da América Latina.

13 horas e 30 minutos –
MESA 2 – O papel da juventude na luta antiimperialista

Neto - MST - Juventude da Via Campesina - Brasil

Kelen Rosso - Juventude Comunista Avançando

Zi Reis - Marcha Mundial das Mulheres

Coordenação – Luis Fernando - União da Juventude Comunista

16 horas e 30 minutos  
PAINEL: XVIIº Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes - África do Sul e 65 anos da Federação Mundial das Juventudes Democráticas.

Expositores:
Hugo e José Ângelo.

Coordenação - Túlio Lopes

REALIZAÇÃO:

União da Juventude Comunista – Brasil.

APOIO:

Associação Cultural José Martí - MG
Comitê Mineiro do Fórum Social Mundial
Casa da América Latina
Diretório Acadêmico do ICEX - UFMG
Diretório Acadêmico da FAE - UEMG
Fundação Dinarco Reis
Instituto Caio Prado Junior

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino

Resolução nº 32/40 da ONU "Em 1977, a Assembléia Geral do ONU determinou que fosse celebrado, todos os anos, a 29 de novembro, o Dia Internacional de Solidariedade para com o Povo Palestino Resolução nº 32/40 da ONU Com efeito, foi nesse dia que, no ano de 1947, que a Assembléia Geral aprovou a resolução sobre a divisão da Palestina [resolução 181 (II)].
Queremos convidar a todos os partidos, sindicatos, movimentos sociais e populares, além dos companheiros e companheiras para prestar um dia de solidariedade ao perseguido povo palestino que há 63 anos resiste heroicamente ante todas as arbitrariedades (bombas, humilhações, perseguições políticas, torturas legalizadas...) cometidas pelo Estado terrorista de Israel.
29 de novembro é dia de Manifestação de Solidariedade Internacional com o Povo Palestino, realizadas simultaneamente em várias capitais do mundo. Nesta data o território histórico da Palestina foi arbitrariamente dividido, favorecendo a criação do Estado de Israel.
Território onde havia uma sociedade construída por árabes, e que a partir daí passaram a ser vítimas da limpeza étnica promovida pelas milícias sionistas. No ano de 1948, quase a totalidade das terras palestinas (cerca de 94%) foram tomadas militarmente pelo Estado de Israel. Hoje mais de seis milhões de palestinos vivem em campos de refugiados espalhadas pelos países árabe e no mundo. Ainda hoje, Israel controla 65% da Cisjordânia e 40% da Faixa de Gaza, com seu exército e sua força paramilitar (os colonos) implementando um regime de terror cujos métodos de crueldade se assemelham aos dos nazistas alemães.
Até quando ficaremos indiferentes aos veículos militares e tratores invadindo bairros e destruindo casas onde moram os palestinos? Até quando vamos permitir a construção de outros “muros da vergonha” como o que Israel está construindo dentro do território da palestina ocupada, transformando-a num verdadeiro campo de concentração, vigiado sistematicamente, usurpando terras e destruindo a teia social palestina?
É preciso somar forças e nos solidarizarmos com a heróica luta do povo palestino que teimosamente insiste em dizer não a essas arbitrariedades. É necessário e urgente dizer que “terrorismo” não é resistir (usando quaisquer formas de luta) ao Estado terrorista de Israel. Terrorismo é impedir um povo de desfrutar de sua própria terra, é impedir a existência de uma pátria livre do colonialismo e do imperialismo. Terrorismo é matar crianças com bombas e mísseis disparados de helicópteros e aviões nos bairros onde vive a população civil palestina. Terrorismo é barrar uma mãe grávida num posto policial ou do exército, impedindo que a mesma tenha a atenção necessária na hora do nascimento de seu filho.
Por tudo isso o COMITÊ DE SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO convida todos aqueles que estão ao lado da heróica resistência palestina para a realização de um ato político no dia 29 de novembro de 2010, a partir das 17:30h, no Instituto de Filosofia e Ciências Humana (IFCS) – Largo de São Francisco.
Neste ato, o lançamento e a exposição do livro “Impressões de uma brasileira na Palestina”, de Maristela R Santos, produzido pela Editora Achmé,: Depoimentos emocionantes do cotidiano do povo palestino, suas relações com as organizações políticas, como se organizam para autodefesa, a vida dos prisioneiros, das crianças, dos beduínos e a vida nas aldeias, relacionado com a ocupação permanente de suas terras e a expulsão de suas casas, bairros e vilas. Além de fazer um breve relato e análise do caráter e da natureza do estado de Israel e a relação dos estrangeiros judeus, os colonos, com o Estado Judeu e o povo palestino.
Por fim, o Comitê de Solidariedade fará um panorâmico histórico e uma introdução da Campanha Mundial de BDS – Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel, em particular, o Boicote Acadêmico e Cultural que esta ganhando corações e mentes nas universidades da Europa e EUA.
VENHA CONHECER MELHOR A HISTÓRIA DESSA LUTA!

São signatários desse Ato, presentes na sua construção, as seguintes entidades: PCB e PSTU; CSP-Conlutas RJ; Quilombo Raça e Classe; Movimento Mulheres e Luta; ANEL e UJC/RJ; Grêmio Colégio Cambaúba-Ilha do Governador ,Grêmio Colégio Estadual Gomes Freire-Penha ,Grêmio Colégio Estadual Ernesto Faria-São Cristóvão , Movimento Nacional de Luta pela Moradia-MNLM-RJ, DA-Engenharia-UNIG

terça-feira, 16 de novembro de 2010

domingo, 14 de novembro de 2010

SEMINÁRIO DE SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL

BELO HORIZONTE – SEXTA-FEIRA – 26 DE NOVEMBRO DE 2010

PROGRAMAÇÃO:

09 HORAS – APRESENTAÇÃO:

09 HORAS E 30 MINUTOS - MESA 1 – Por um Mundo de Paz, Solidariedade e Transformações Sociais, derrotemos o imperialismo!

Jadallah Safa - Comitê Democrático Palestino - Brasil.

Professora Dr. Dirlene Marques - Comitê Mineiro do Fórum Social Mundial.

Jornalista Mirian Gontijo - Associação Cultural José Marti de Minas Gerais.

Coordenação: Representante da Casa da América Latina.


13 HORAS E 30 MINUTOS – MESA 2 – O papel da juventude na luta antiimperialista.

Organizações convidadas:

Juventude da Via Campesina – Brasil.

Juventude Comunista Avançando – Brasil.

Marcha Mundial das Mulheres.

Coordenação: Representante da União da Juventude Comunista.


16 HORAS E TRINTA MINUTOS – PAINEL sobre o XVII Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes – África do Sul.

REALIZAÇÃO:
União da Juventude Comunista – Brasil.

APOIO:
Diretório Acadêmico do ICEX – UFMG.
Diretório Acadêmico da FAE – UEMG.
Associação Cultural José Marti – MG.
Comitê Mineiro do Fórum Social Mundial.
Casa da América Latina.
Instituto Caio Prado Junior.
Fundação Dinarco Reis.

INSCRIÇÕES:
E-mail: semsolidariedadeinternacional@gmail.com. Envie somente o nome completo, instituição onde trabalha/estuda, organização política em que milita, se por o caso, e o número do telefone.

Maiores Informações: 31-32016478 / 31-84157977

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

CAMARADA EDWIN PÉREZ: PRESENTE!

A tentativa frustrada de golpe perpetrada no Equador contra o Governo Popular do Presidente Rafael Correa ao final do mês de setembro deste ano, tendo sido patrocinada pelos setores mais conservadores do país sustentados nas oligarquias e no imperialismo, segue produzindo suas conseqüências.
No dia 25 de outubro, os golpistas fizeram mais um ataque à democracia popular, a juventude rebelde, aos comunistas e as lutas do povo equatoriano e latino-americano. Neste dia tentaram matar o camarada Edwin Pérez, secretário-geral da Juventude Comunista Equatoriana (JCE). O atentado foi realizado por um mercenário, estudante de direito, chamado Neptalí Ramirez Loor, vinculado a movimentos da extrema-direita equatoriana.
O camarada Edwin, após ficar internado, em estado de coma, por cerca de duas semanas não resistiu aos ferimentos e veio a falecer. A União da Juventude Comunista expressa o seu mais profundo pesar e presta total solidariedade aos parentes, amigos e camaradas de Edwin neste momento de luto.
Denunciamos que o assassinato do camarada Edwin não é um fato isolado, mas sim um ataque contra o movimento de resistência aos golpistas e de defesa da democracia e do processo revolucionário em curso no Equador. A Juventude Comunista Equatoriana é uma das principais organizações juvenis do país, tem um papel fundamental nas lutas que se travam neste momento, não só no Equador, como na América Latina. Foi as ruas defender o Presidente Correa e lutar contra o golpe de estado, além de jogar um papel fundamental na articulação de solidariedade internacional, ao propor no inicio deste ano no Equador como país sede do XVII FMJE, que se realizará na África do Sul , no mês de dezembro.
A morte do camarada Edwin representa um ataque direto à luta revolucionária do povo equatoriano, assim como as lutas de todos os jovens por um mundo mais justo e de paz, um mundo socialista.
Exigimos punição e prisão imediata do assassino do camarada Edwin Pérez! Toda solidariedade a

Juventude Comunista Equatoriana!
Camarada Edwin Pérez: Presente!
Coordenação Nacional União da Juventude Comunista 11 de novembro de 2010.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

PALESTINA

Uma história na Palestina 2


 
por Rafiqa Salam
Palestina, novembro 2010
comitepalestinasc@yahoo.vom.br

Depois de uma estada sob o sol escaldante em Ramallah, decidi ir para Saffa. Fugi do calor, mas não do inferno da ocupação.
Pior que os buracos das estradas em que podemos trafegar com a nossa placa verde, é ver de longe as autopistas israelenses, feito tapetes serpenteando as terras palestinas.
Cheguei em Saffa e o calor que me cercou foram os abraços fraternais dos palestinos que já tinham morado no Brasil! Isso mesmo, em Saffa, metade dos palestinos de lá já viveu no Brasil!
Muitas conversas e saudade de outros ares mais tranquilos, pois não deu para deixar de ver dois carros do exército israelense passarem nas ruas da tranquila Saffa só para marcar presença...
Como pode alguém que já morou no Brasil, que não enfrentou problemas com documentação e permanência, que pode escolher ter brasileiros como vizinhos, que conheceu e conviveu com o jeito alegre dos brasileiros, resolver voltar para a Palestina? Entre um café e outro chá, perguntei.
Eles olharam para mim e responderam: “Você quer respostas em palavras? Você com suas perguntas para entender o que o coração decide e não as palavras...”
Mas como aprendi com eles a ser persistente, repeti e emergiram doces palavras: “Meu pai fez tudo pela Palestina, fora daqui e aqui dentro. Nós trabalhamos juntos, lembra? Com todas aquelas dificuldades, defendíamos a Palestina livre e contávamos com a maravilhosa solidariedade do povo brasileiro. Mas sabíamos que um dia retornaríamos para cá, era o que meu pai queria. Ele chegou primeiro, em 1999, e eu vim logo depois, minha mãe ainda ficou no Brasil e estava fazendo a documentação para vir. Tanta vida, tanta luta, voltamos para cá, mas quando minha mãe conseguiu vir, meu pai já havia morrido... Então fiquei, casei, tenho três filhos, e essa é a minha casa, essa é a minha terra, esse é o meu país, daqui eu não saio e daqui ninguém me tira.” Fiquei emocionada, todo grande pai tem um grande filho. Tive o prazer de conhecer o pai dele no Brasil, sua família e seu filho, que hoje, um pouco antes da nossa conversa, recebeu, depois de nove anos, meus sentimentos pela morte de seu pai. Trabalhamos juntos na defesa da causa palestina em Porto Alegre, no final da década de 80, e depois em Santa Catarina, nos anos 90, até que em 1999, sempre firme, como tudo o que fez na vida, retornou para sua terra. Seu filho, logo depois, chegou e juntos conheceram o que sobrou da Palestina, como se fosse uma despedida, sem saber que logo a morte seria o que o afastaria de ver sua Palestina livre. E eu sentada ali, na frente daquele homem, hoje com 38 anos, com os filhos pulando em seu colo, sua esposa servindo chá, sua mãe lembrando de sua filha que ainda está no Brasil... Parecia, por um segundo, uma vida tranquila... até ele trazer uma foto... A casa do pai, a casa que foi de toda a família, hoje não existe mais... Só a foto. Mas antes que eu falasse qualquer coisa, ele, com orgulho, disse que aquela nova casa em que estávamos havia sido construída por ele! Falou-me de seu trabalho também, como pedreiro em Mevo Horon, em Israel, nem me arrisquei a perguntar o salário!
Mas uma questão me incomodava, então questionei por que ele quis voltar, se no Brasil eles tinham uma boa vida? A resposta não foi em palavras, pois vi em seus olhos o que o coração havia decidido: “Meu pai foi um grande militante, como um comandante na América Latina, e nos criou amando a nossa bandeira. Sempre quis voltar, para morar e morrer no país dele. Ele queria sua família reunida na Palestina. Nasci no Brasil, amo os brasileiros, mas eu sigo o desejo de meu pai. Hoje, eu continuo a fazer o trabalho que realizávamos, vou sempre continuar a lutar pela Palestina livre, mas escolhi o mais difícil: morar aqui e constituir uma família. Para mim, o cotidiano é revolucionário, educar meus filhos transmitindo o amor à terra que recebi é revolucionário e é muito difícil frente às privações que passamos... mas é lindo, fixar raízes, não tem nada no mundo que me faça sair daqui. Se eu sair daqui, minha casa vira um assentamento judaico. Posso retornar ao Brasil, para visitar, mas minha casa é aqui. Em respeito ao meu pai e a todos que permaneceram aqui, fico, para preparar a Palestina para os que virão!”
Depois de escutar esse canto que veio de dentro do coração, enxuguei minhas lágrimas e percebi que o calor de Ramallah não era nada, então voltei e vi que era suportável. Agora sei o que significa ficar na Palestina!

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http://somostodospalestinos.blogspot.com/

Palestina livre!
Viva a Intifada! Resitência até a vitória!
Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino
"Um beduíno sozinho não vence a imensidão do deserto, é preciso ir em caravana"
 
 

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Declaração pelos 65 anos da Federação Mundial de Juventudes Democrátias

 
"Há 65 anos, em 10 de novembro de 1945, os jovens progresistas e antifascistas do mundo se reuniam em Londres na Conferência Mundial Juvenil, convocada por iniciativa do Conselho Mundial de Juventude, criado durante a guerra contra o fascismo pelas juventudes dos países aliados. Foi a primeira vez na história do movimento juvenil internacional em que se reuniram mais de 30 milhões de jovens de diferentes tendencias políticas e religiosas, procedentes de 63 nações, sendo assim fundada a Federação Mundial de Juventudes Democráticas (FMJD).

Hoje, a Federação Mundial continua, mais do que nunca, sendo a organização da juventude unida em sua determinação de trabalhar pela paz, pela liberdade, pela democracia, pela independencia e pela igualdade em qualquer lugar do mundo, considerando essa tarefa como uma contribuição ao trabalho das Nações Unidas como a via mais correta para facilitar a felicidade, o bem-estar das futuras gerações e a proteção dos direitos e intereses da juventude.

65 anos depois, o mundo continua com muitas desigualdades, marcado por uma ampla crise estrutural do sistema capitalista, pela distribuição desigual dos recursos, pelas constantes guerras de rapinagem pelo controle dos recursos naturais, pelo incremento da pobreza, pela incitação ao consumismo desenfreado, pela destruição de nosso habitat e pela satisfação das vontades dos ricos, o que continua afetando especialmente os jovens, as mulheres e as crianças. Isso chega a colocar em perigo a sobrevivência de nossa própria espécie, que corre risco de desaparecer.

A juventude progresista mundial se prepara para celebrar no próximo mês de dezembro o XVII Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, na África do Sul, dedicado a Nelson Mandela e Fidel Castro, exemplos de luta para os jovens. Está claro que a orden económica imperialista predominante tem que ser mudada, que a luta para derrotar o imperialismo é a única alternativa para nossa sobrevivencia, que queremos viver em um mundo de paz, fraternidade, solidariedade e com grandes transformações sociais. Queremos o bem da nossa espécie humana, sem fome, pobreza e guerras, com pleno acesso à educação e à saúde, um meio-ambiente saudável e um mundo onde coexista a amizade e o entendimento mútuo.

A FMJD deseja reiterar sua total solidariedade a todas as causas de lutas, a todas as revoluções e a seus líderes históricos, que inspiram e nos mantêm combativos ao imperialismo. Durante todo esse tempo, sem essa contribuição, não teria sido possível ter chegado até aquí. Reafirmamos que, nos novos cenários de luta, estaremos alinhados com os exemplos dados a cada dia e trabalharemos para que as novas gerações aprendam a partir da experiencia de luta acumulada durante todo esse período.

A FMJD reitera seu compromisso de seguir trabalhando para fortalecer a cooperação entre todas as organizações juvenis internacionais, regionais e nacionais como uma tarefa fundamental pela unidade de ação e solidariedade internacional da juventude e das forças antimperialistas, progresistas e democráticas, defendendo a necessidade de ir além das diferenças e enfrentar os problemas comuns de forma conjunta.

A Federação Mundial da Juventude Democrática, envia sua mais sincera felicitação a todos que contribuíram pela manutenção das lutas históricas do movimento juvenil progresista internacional, ratificando que o futuro pertence inteiramente aos jovens que carregam o legado histórico que foi deixado pelas gerações que nos precederam, e convoca todas seus membros, amigos e toda a juventude progresista do mundo a celebrar, no dia 10 de novembro, os 65 anos da organização com uma grande jornada de luta para derrotar o imperialismo, por um mundo em paz, solidariedade e de transformações sociais."